É
muito provável que você nunca tenha parado para pensar sobre a origem de seus
pensamentos – pois quem se dedica a isso são os filósofos. O que justifica a
filosofia e que compreendendo por que e como raciocinamos passamos a pensar
melhor, com mais controle, lucidez e eficiência. Quer um exemplo ? Repare que
todo os seus pensamentos estão relacionados a quatro grandes áreas, formada por
extremos - O belo e o feio, o verdadeiro e o falso, o bom e o mau, o útil e o
inútil. Sem perceber, você esta empenhado em perseguir o belo, o verdadeiro, o
bom e o útil, ao mesmo tempo em que procura afastar-se de seus opostos. Essa
maneira abrangente de comandar o pensamento, de controlar o comportamento e de
construir a vida não tem nada de novo. É a filosofia de um homem que viveu em
Atenas entre 429 e 347 a.C. e que criou a Academia, considerada a primeira
universidade do mundo, que funcionou durante 800 anos e foi a mais perfeita que
já existiu. Esse homem chamava-se Platão.
Seguindo essa
linha de raciocínio, o belo é representado pela arte, música, moda e pelos
cuidados com o corpo. A estética torna a vida mais agradável, mais calma e mais
feliz. É tão forte em nossa vidas que esta relacionada até com a perpetuação da
espécie, pois a atração física começa pela percepção da beleza. O verdadeiro
significa a busca da verdade em todas as áreas. Por isso estudamos, adquirimos
conhecimento e até estabelecemos regras que garantam a manutenção e a soberania
da verdade. O bom esta relacionado as a construção moral, da ética e da
compaixão. A busca desses valores e uma das marcas registradas da espécie humana
e uma das mais controversas, pois a história mostra que o homem às vezes é mau
ao tentar impor o valor do bom. Basta lembrar da Inquisição ou de qualquer outro
tipo de fundamentalismo religioso. E, finalmente, o útil, um valor mais moderno
e cada vez mais procurado na atualidade. Hoje, tudo que tem um propósito prático
e imediato tende a ser valorizado.
A vida ideal
seria aquela que contempla essas quatro áreas. A busca de uma delas não deveria
ofender as demais, ou pelo menos deveria atingi-las o mínimo possível. O homem
costuma mudar a relação entre esses valores. Na Grécia antiga, por exemplo, a
seqüência ideal era - O belo, o verdadeiro, o bom e o útil. A Revolução Francesa
propôs uma inversão, priorizando o bom e colocando o verdadeiro, o bom e o útil
na seqüência. Outras épocas tiveram seus próprios modelos. Hoje, vivemos o
império do útil, seguido do belo e do bom. Deixamos o verdadeiro por último (que
digam os balanços de certas empresas). Parece que a regra vigente é esta - Se
for útil não precisa ser verdadeiro e se for belo não precisa ser bom. E claro
que não tem como dar certo desse jeito. A história mostra que o desequilíbrio
entre essas quatro partes é o que provoca a decadência. Roma que o diga e a
América que se cuide. |